Fé e razão: arco do conhecimento
Luisana Miguelina Estévez
Ora, o entendimento humano, na luta por alcançar tais verdades, depara-se, pelo caminho, com uma série de dificuldades, produto das sequelas do pecado de Adão; e estas, muitas vezes, levam-no a desistir ou a duvidar, em sua procura, ou até mesmo, em certas ocasiões, a negar aquilo que não quer admitir como verdadeiro.
Disto resulta que muitos dos filósofos antigos, no seu interesse por querer explicar a origem de todas as coisas, caíam, na maioria dos casos, em grandes erros, posto que suas teorias eram unicamente baseadas no que o intelecto humano podia alcançar, sendo que existem verdades que não podem ser demonstradas pela razão humana. Quão equivocados estiveram estes homens “que desejaram a natureza sem a graça [e] a razão sem a fé” (CLÁ DIAS, 1996, s.p.).
O Doutor Angélico (S.C.G., L.I, c.4) ensina que este descobrimento possui uma profundidade tal, que faz com que o entendimento humano, só depois de muito exercício, se encontre em condições para captá-lo pela via racional. Devido a estas dificuldades, o conhecimento pleno de Deus é mais acessível com o apoio da Revelação. Por isso, o apóstolo Paulo menciona e adverte que o cognoscível de Deus se compreende porque Ele mesmo o manifestou (Rm 1, 19).
Desta maneira, se faz mister a Revelação Divina, uma vez que Deus quer que “omnes homines vult salvos fieri et ad agnitionem veritatis venire” ― todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (I Tim 2, 4). E a própria Sagrada Escritura ressalta o papel fundamental da fé nos homens, quando nos diz que “a fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11, 1).
Apesar de tudo isso, não se pode negar o importante papel que desempenha a razão, nem se quer estabelecer um divórcio entre uma e outra, mas o que se quer é acentuar e tonificar a união fraterna que deve existir entre ambas, já que se poderia dizer que constituem duas asas com as quais o espírito humano se eleva para a contemplação da Verdade (JUAN PABLO II, Fides et Ratio). Diz Clá Dias (2010) que a fé é um rationabile obsequium, um reforço da inteligência, já que lhe proporciona o que esta não consegue alcançar. Corrobora tal afirmação João Paulo II (Fides et Ratio, no.42) quando afirma: “a fé requer que seu objetivo seja compreendido com ajuda da razão; por sua vez a razão, no apogeu de sua indagação, admite como necessário aquilo que a fé lhe apresenta”.
Consequentemente, uma leva a outra pela mão. A fé, que diviniza os atributos humanos, e a razão que, divinizada pela fé, compreende melhor o que por si só não compreenderia.
Esse problema da relação entre Filosofia e Teologia, ciência e fé, razão e Revelação esteve presente já em muitas das indagações dos primeiros Padres da Igreja, nos primeiros tempos do Cristianismo, como nos explica Adriano (2007, p.36): “a questão era saber se com o surgimento da fé […], a razão ainda conservaria qualquer utilidade ou se tornaria um perigo para o crente”. Enquanto uns discutiam sobre a antinomia entre ambas e seu total desacordo, outros defendiam sua completa harmonia, afirmando serem elas “duas forças noéticas que trabalham para o mesmo objetivo: a posse da verdade” (ADRIANO, 2007, p.36).
Não pode haver uma separação entre fé e razão, posto que “formam nisto um par de gêmeas peculiares, não podendo nenhuma das duas separar-se totalmente uma da outra e, todavia, cada uma deve conservar sua própria tarefa e identidade” (BENTO XVI, 2008, apud CASTÉ, 2009, p.24), pois o mesmo Deus, que dispôs a Revelação para a salvação do homem, infundiu no espírito deste a luz da razão (PIO IX, Dei filius), para que fazendo uso dela demonstre quão certas são aquelas verdades à que se teve acesso pela fé.
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