Um guerreiro bem armado
Esther Pinales
A luminosidade, os encantos e a beleza do pensamento do homem medieval quebraram-se, abrindo passo à renascença, “a qual caminhava orgulhosa dos inegáveis talentos dos homens suscitados na ocasião em que ela se desenvolveu. Laica, voltada para os prazeres da Terra, tisnada de neo-paganismo” (PCO, 05/08/78).
Lamentável era a situação do Clero e das ordens religiosas, algumas em franca decadência. No ar, sentia-se a grande corrupção de costumes e a liberdade das más tendências; cristãos vivendo como pagãos e negando praticamente o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo: rebeliões, sacrilégios e escândalos cobriram todo o continente europeu.
No entanto, Deus na Sua Providência misericordiosa, jamais abandonou nem abandonará a sua Igreja. É o que em diversas ocasiões nos ensina Monsenhor João Clá Dias. Fato surpreendente e admirável! Sempre nas horas mais calamitosas e de maior corrupção e misérias morais e heresias, surgem extraordinários santos e heróis.
No século da revolta protestante (XVI), Deus suscitou um Inácio de Loyola, uma Santa Teresa de Ávila, São Caetano Thiene, São Jerônimo Emiliano, São Felipe Neri, Santo Antonio Zacarias, São Luis Gonzaga, e uma série de bem-aventurados. Nesta formosa constelação, como resposta do céu à heresia que negava a santidade da igreja, brilha também a figura singular de Roberto Belarmino.
Este santo foi um dos mais valentes defensores da Igreja Católica, Apostólica e Romana contra os ataques dos protestantes. Seus livros são tão sábios e cheios de argumentos convincentes que um dos mais famosos chefes protestantes exclamou ao ler um deles: “Com escritores como este, nós estamos perdidos, não há como responder-lhe”.
São Roberto nasceu em Itália, na cidade de Montelpuciano, Toscana, no ano 1542. A sua mãe era irmã do Papa Marcelo II. Conta-se que já em terna idade o menino Roberto dava mostras de possuir uma inteligência superior à dos seus companheiros e uma memória prodigiosa. Ele recitava de cor muitas páginas em latim do poeta Virgílio, como se as estivesse lendo.
Em resposta à sua entrega a Deus, lê-se em suas memórias: “Num instante, quando mais desejoso eu estava de conseguir cargos honoríficos, de repente me veio à mente a rapidez com que passam os bens da terra e a conta que todos nós vamos ter que dar a Deus, e me produziu o ideal de entrar na vida religiosa”. Roberto foi recebido na Ordem dos Jesuítas em Roma no ano 1560; ele entrava na companhia para escapar de cargos honoríficos tais como ser bispo ou cardeal, pois as regras dos jesuítas na época proibiam ambas as posições. Mas os planos da divina providência eram outros. Roberto negava-se aceitar tão alto cargo dizendo que os regulamentos da companhia de Jesus proibiam aceitar a títulos elevados da Igreja. O Papa respondeu-lhe que ele tinha o poder para dispensá-lo, e por fim lhe mandou, sob pena de pecado mortal, aceitar o cardinalato.
Os protestantes (evangélicos, luteranos, anglicanos, entre outros) tinham publicado uma série de livros contra a Fé Católica, e estes não encontravam como se defender. Então, o Sumo Pontífice solicitou ao santo preparar os sacerdotes para enfrentar os inimigos da Religião e a dirigir os jovens seminaristas, entre eles São Luis Gonzaga.
Ele fundou um curso que se chamava “Las Controversias”, para ensinar seus alunos discutir com os adversários e escreveu o CATECISMO RESUMIDO, o qual foi traduzido em 55 línguas e 300 edições.
Morreu no dia 17 de Setembro de 1621, e o Sumo Pontífice Pio XI o declarou Santo em 1930, e Doutor da Igreja em 1931.
Peçamos a São Roberto Belarmino um ardente desejo de conhecer, amar e defender a Doutrina Cristã.