Unum: A quintessência do princípio monárquico na Criação
Thaliane Neuburger
Os transcendentais do ser são: unum, bonum, verum, pulchrum (unidade, ente indiviso; bom; verdadeiro e belo). São Tomás de Aquino acrescenta uma quinta propriedade: aliquid, aquilo que torna um ser diferente de outro, indicando o caráter de alteridade e delimitação em relação aos entes.
Analisemos o trasncendental unun, talvez o mais importante e essencial de todos.
Aristóteles afirma que ser e unidade são uma mesma coisa e um não se separa do outro, pois a unidade nasce e perece com o ser, e a partir do momento em que este perde a unidade, deixa de ser um determinado ser, para se transformar em outros seres. (Cfr. Metafísica, L.IV, c.II). Portanto; a primeira noção é que todo ser é uno por essência.
Se todos os seres são unos (ou indivisos), pelo próprio fato de que são seres, cada tipo de ser é uno, de uma unidade que lhe é própria. Por isso, o Estagirita divide-a em três graus:
1. Essencial: é o unum substancial existente em cada ser, por exemplo, em uma pedra, no homem, etc.
2. Acidental: é o unum produzido por um causa extrínseca ao ser, por exemplo, uma obra de arte, uma casa, as quais atingiram o unum não por sua própria natureza, mas pela ação de quem as formou.
3. Por continuidade: é o unum identificado pela inteligência, pois abarca o ser unicamente de modo intelectivo, por exemplo, o todo formado por uma cordilheira ou pela abóboda celeste.
Por sua vez, Santo Tomás de Aquino classifica o unum essencial em simples e compostos (Cfr. São Tomás I, q.11, a.1).
Os simples que não tem partes ou seja, Deus e os Anjos que são indivisos em ato e potência, e constituídos sem mistura alguma de matéria; e os compostos que se compõe de partes- como o homem, por exemplo, que estão constituídos por matéria e forma. Estes só terão o ser enquanto suas partes estiverem unidas, mais ou menos como um colar de pérolas, que só será colar, enquanto as diversas pérolas estiverem todas juntas num fio, formando assim o colar.
Ora, sendo Deus o Unum em essência, criou todas as coisas unas e colocou nos homens e nos animais um instinto, intimamente ligado e fundamentado no unum de cada ser: o de conservação.
É por esse instinto tão entranhado nestas criaturas que “todo ser, enquanto pode, rechaça sua própria divisão, para defender-se de não ser” (S.G. L.I, c.42, tradução nossa).
Tomando como base a cognição da unidade, dos vários ununs que constituem a variedade das coisas criadas, podemos concluir com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira – “verifica-se que na estética da criação, do universo, tudo tende para o unum, para um princípio monárquico que traduz esta tendência de buscar o mais perfeito: reductio ad unum. Isto é a quintessência do princípio monárquico na Criação e é o modo pelo qual as coisas se reduzem à simplicidade, e podemos dizer que é a aparência de Deus na terra. Propriamente a busca de Deus se dá pela procura do unum” (Plinio Correa de Oliveira, palestra. 1963. Arquivo IFTE ).
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