Considerai os lírios do campo…

Ana Ximena del Rosario Fernández Granados

Qualquer um dos seres criados, ao ser mencionado pelos divinos lábios do Salvador, passou a desfrutar de uma especial distinção e grandeza.

Quem ousaria dizer que houve, em toda a história, orador mais hábil e envolvente que Nosso Senhor Jesus Cristo? Isto, sem mencionar o aspecto da graça, que foge a qualquer termo possível de comparação.

Nos três anos de sua vida pública, Ele procurou, em Suas parábolas, usar figuras comuns e acessíveis às pessoas de então. Entre Seus ouvintes, misturavam-se fariseus, romanos, pescadores e camponeses. Pessoas cosmopolitas como os habitantes de Jerusalém, ou acanhados e simples, como os galileus do norte de Israel. Ricos comerciantes, ou paupérrimos pedintes das portas do Templo.

Falando a um público tão heterogêneo, como atingir a todos? Para se fazer entender, ora usava, o Divino Mestre, exemplos de ofícios como o de pescador, lavrador e soldado; ora recorria aos pequenos problemas comerciais ou domésticos, mencionando juros, dívidas e falências, questões sempre familiares a toda gente.

Também empregava as figuras dos animais: a águia, a pomba, a serpente e até a trivial galinha entraram em cena nas parábolas evangélicas. E por fim, o reino vegetal se apresentou, nas palavras do Salvador: a figueira estéril foi condenada, as uvas e as vinhas apareceram diversas vezes, e a expressão “pelos frutos conhecereis a árvore” (cf. Mt 12, 33) tornou-se tão corrente que até ateus a empregam hoje.

E são justamente as simples plantas que oferecem um dos mais belos e poéticos trechos das Escrituras, no sexto capítulo de São Mateus:

“Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles” (Mt 6, 28-30 Lc 12, 27-31).

Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?

São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6, 33)

Qualquer um dos seres criados, ao ser mencionado pelos divinos lábios do Salvador, passou a desfrutar de uma especial distinção e grandeza. As raposas eram diferente até Ele ter dito: “As raposas têm suas tocas … mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8, 20). Depois disso, passaram a ser outras.

Também as flores em geral — e os lírios em particular — ficaram engrandecidos pela menção que lhes fez Nosso Senhor. Depois daquele dia, num campo da Judéia, ficará difícil a uma pessoa de fé contemplar a beleza das flores sem se lembrar do Reino de Deus.

2 responses to “Considerai os lírios do campo…”

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  2. Maurílio Fiuza disse:

    Muito belo e bem posto este comentário de que “qualquer um dos seres criados, ao ser mencionado pelos divinos lábios do Salvador, passou a desfrutar de uma especial distinção e grandeza”. Os lírios, a raposa.. a ovelha, a pomba, a galinha com os seus pintainhos… quanta ternura de Nosso Senhor!

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