A alegria de ter um superior
Maria Teresa Ribeiro Matos
Como seria tétrico nos depararmos com o cadáver de alguém que cortara sua própria cabeça, alegando demasiada opressão desta sobre o resto do corpo! Pior ainda, se a decapitação fosse obra não da própria pessoa, mas de outrem. Nesse caso, o ato não seria apenas tétrico, mas digno de compaixão e de ódio. Compaixão pela desgraça que se abatera sobre aquela vítima, ódio para com os inventores desta tremenda injustiça.
Mas alguém poderia objetar: injustiça? Não é injusto o modo como a cabeça se aproveita do corpo? Tem a cabeça o direito de sugar as energias, beneficiar-se dos alimentos trabalhados pelo aparelho digestivo, usar dos membros para pôr em execução seus planos e pensamentos? Tudo isso não é uma exploração dos membros inferiores? Não é uma vergonha para os demais membros e partes do corpo estar mais baixo e ter constantemente sobre si a cabeça?
Essas perguntas absurdas, que pareceriam brotadas de uma mente insana, surgiram na mente e nos lábios de homens que se diziam adoradores da razão e contagiaram uma nação, não apenas no âmbito individual, mas no corpo de toda uma sociedade. “A Revolução Francesa foi o triunfo do igualitarismo em dois campos. No campo religioso, sob a forma do ateísmo, especiosamente rotulado de laicismo. E na esfera política, pela falsa máxima de que toda desigualdade é uma injustiça, toda autoridade um perigo, e a liberdade [libertinagem] o bem supremo”1.
Agitada por tais ideias revolucionárias, a França viu seus soberanos decapitados, seus nobres e seu clero massacrados. Enquanto em nome do povo se praticavam estas barbaridades, o verdadeiro povo, no oeste do país, dava sua vida em defesa de seu Deus e seu Rei.
Em defesa de Deus? Mas o ataque não era contra os nobres, ricos e opressores? Basta analisar os fatos históricos e as doutrinas revolucionárias para concluirmos que o ódio dos revolucionários era no fundo contra Deus.
As autoridades, tão ferozmente atacadas, não são senão um reflexo do Altíssimo e representantes d’Ele na Terra. “Toda autoridade existente na terra é significado de Deus. […] Não se trata da pessoa do rei, que pode ser um crápula, mas a autoridade do rei – os atributos, a missão, o poder, o cargo régios – é um fulgor de Deus”2. Aprouve ao Senhor criar um mundo onde os seres, apesar de possuírem uma igualdade elementar, são profundamente desiguais, unidos e harmonizados pela mais perfeita hierarquia. O universo assim ordenado faz resplandecer a beleza de Deus. Os superiores são completados pelos inferiores e vice-versa. A missão do superior não é de ser um opressor em relação ao inferior, mas seu pai e protetor; quanto ao inferior, não deve ser um contestatário, que se revolta contra o que está acima, mas é aquele que encontra toda sua alegria em poder servir. Esta é, de fato, a maior alegria que um homem pode ter nesta Terra, a de ter um superior a quem servir. E este gáudio é acessível a todos os homens, posto que o mais ilustre dos Papas ou dos Reis está infinitamente abaixo de Deus e deve-lhe toda veneração e obediência, tendo recebido d’Ele a autoridade.
1CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 5 ed. São Paulo: 2002. p. 15.
2CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. As realidades visíveis sinais de ralidades invisíveis. In: Dr. Plinio.São Paulo: Retornarei, n. 49, abr.2002. p. 20-25.
Salve Maria !
O que mais me ofende é ver a “Revolução Francesa” tratada como um marco no progresso da civilização humana. Milhares de Sacerdotes e religiosos foram assassinados, no entanto este fato foi expurgado dos livros de História.
O exemplo destes verdadeiros Mártires do Cristianismo deve ser motivo de fortalecimento de nossa Fé e motivação para seguirmos em frente na batalha pelo Bem.