A estrela de Belém ainda brilha?
Bárbara Honório
“Ó sol! Sem ti as coisas não seriam senão o que elas são”, exclamava Rostan. De que valeriam aos homens as proezas dos vôos dos pássaros, os matizes dos coloridos das flores, as tonalidades diversas dos oceanos, a alvura da neve ou a vastidão de um panorama sem o sol? Ele não só ilumina essas belezas criadas, mas está em suas raízes como fonte de vida.
Aterrador seria um mundo que vivesse em uma noite constante: a escuridão é propícia aos vícios, favorece os crimes e desnorteia os homens. Em uma palavra, a ausência permanente de luz reduziria o mundo a um estado de caos terrível e desolador.
O mundo antigo, imerso nas trevas do paganismo, se revolvia em meio a essa confusão. Não lhe faltava a luz material, mas sim a luz sobrenatural da fé. As suas falsas religiões adoravam os vícios como deuses, e suas “pseudocivilizações” exaltavam com naturalidade o crime. “O mundo estava mergulhado numa prolongada e terrível noite em que reinavam a devassidão moral, o egoísmo, a crueldade, a desumanidade e a opressão” (CLA DIAS, 2010a).
Porém, nem todos eram assim. “Havia minorias inconformes com aquela situação e preparadas para receber a pregação evangélica com a avidez de náufragos que encontram a tábua da salvação” (CLÁ DIAS, 2010a). No Oriente, alguns dizem que na Pérsia, outros na Caldéia, três pequenos reis, magos e astrólogos esperavam de modo implícito perceber no firmamento algo grandioso, uma luz nova que anunciasse a renovação da face da Terra. Talvez, tivessem eles conhecimento da profecia feita por Balaão a Balac, rei de Fegor: “ Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel ” (Nm 24,17).
Este oráculo, pronunciado durante a longa caminhada dos judeus rumo à terra prometida, realizar-se-ia treze séculos depois numa fria noite de inverno. Vendo a luz do astro, os magos compreenderam num relance a grandeza d’Aquele que é o Sol de Justiça.
O sinal era claro: nascera o rei dos judeus. Onde? A estrela os indicaria. Ora, esta era inteiramente incomum. “Pois, nenhuma estrela”, como nos diz São João Crisóstomo, ”tem a capacidade de guiar, não só movendo-se mas inclusive fazendo sinais”(CRISOSTOMO apud SIMONETTI, 2004 p. , tradução nossa). Ademais, continuava o santo, seu brilho persistia e era visível mesmo durante o dia, propriedade que nenhuma das estrelas possui.
De que natureza era, pois, a estrela? Seria um anjo que assumira a forma de um astro? Seria um cometa? Foram várias as hipóteses levantadas ao longo dos tempos. O Doutor Angélico (S.T. III q.36 a.7) , no entanto, nos apresenta a solução dizendo tratar-se provavelmente de uma estrela nova, criada por Deus para aquela ocasião, posta na atmosfera e dirigida pela vontade divina. Donde afirmar o Papa Leão Magno (SÃO LEÃO MAGNO,apud S.T. III q.36 a.7): “Apareceu aos três magos, na região do Oriente, uma estrela de uma nova claridade, mais refulgente e mais bela do que os outros astros, que atraía os olhos e os corações dos que a olhavam, para que compreendessem imediatamente que não carecia de significação o que parecia tão insólito ”. Por sua vez diz o bispo de Hipona: “Enquanto um Deus pende dos peitos maternos e sofre ser envolvido em panos vis, de repente brilhou no céu uma nova estrela”.
Mas, por que essa luz totalmente sui generis é seguida apenas por três reis? Todos os povos do Oriente devem tê-la avistado, inclusive o povo eleito. Santo Inácio de Antioquia nos testemunha em sua carta aos Efesios o fulgor desta estrela: Um astro brilhou no céu, mais que todos os astros, sua luz era inenarrável e sua novidade suscitou estranheza; todas as demais estrelas por sua vez junto com o sol e a lua formaram coro em torno do astro, ele, no entanto, projetava mais luz que todos os demais “(SANTO INACIO DE ANTIOQUIA. Carta aos efesios,19,2)” Por que, então, apenas três magos, vindos de terras longínquas, empreenderam a viagem sob a sua guia? Os reis possuíam viva a chama interior da fé, a ponto de tendo visto exteriormente no céu a estrela, logo reconhecerem ser a “stellam eius” d’Aquele a quem era devida toda a adoração; de um Rei que era Deus! “Nós vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,).
O povo eleito, até então único receptáculo da Revelação e da Fé, não só tomou com indiferença a estrela, como mais tarde, quando esse “Menino já adulto, deu todas as provas de ser a Bondade, a Misericórdia, de ser o próprio Deus, eles não O aceitaram e mataram-no” (CLÁ DIAS, 2010b). Não se convenceram pela estrela e nem mesmo pelos milagres.
Ora, parou de brilhar a estrela que anunciava o nascimento do Messias? O Evangelho nos diz: “E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou” (Mt 2,9), no entanto, quando saíram da gruta não foi a estrela que lhes indicou o caminho para que se desviassem de Herodes, mas sim foram avisados em sonho. Provavelmente, esta estrela material já cumprira sua missão e deixara de brilhar.
Entretanto, a estrela do Salvador não desapareceu e nunca desaparecerá da História da humanidade. Seu brilho, porém, torna-se por vezes mais intenso, por vezes menos, e, é na época mais sombria que o Pai das Luzes envia a mais rutilante das estrelas. Ela brilha nos santos e mártires, reluz nos profetas e nas virgens, corusca nos fundadores. Esse lumen Christi não se apaga nunca, ele é imortal, como imortal é a Santa Igreja.
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