Nos umbrais da morte
Ariane Heringer Tavares
Sentindo que a morte se aproximava, um dos moribundos sentiu a necessidade de purificar sua alma antes de comparecer diante do Supremo Juiz. Ao ver uma das freiras que cuidavam dos feridos passar ao lado de seu leito, o pobre pecador chamou-a e pediu um padre. Contudo, naquele momento, não estava ali nenhum sacerdote.
A religiosa, percebendo que o soldado poderia falecer a qualquer momento, antes mesmo de receber a absolvição, sussurrava em seu ouvido palavras de contrição, ajudando-o a arrepender-se. Porém, não conseguindo conter sua emoção, exclamou:
— Não é possível que aqui não haja nenhum padre que possa atender este homem em confissão!
Ouvindo a queixa, um dos pacientes comunicou-lhe que no fundo do quarto havia um sacerdote-soldado, mas estava tão mal que não teria forças para atender o pobre moribundo.
A religiosa correu ao leito do sacerdote e constatou que estava com o corpo completamente paralisado. Vivo, porém a um passo da morte. Apesar disso, encheu-se de esperança, e confiando no impossível, perguntou:
— Padre, o senhor me ouve?
Para surpresa de todos os olhos do sacerdote se entreabriram. A freira, compreendendo que lhe restavam poucos momentos de vida, transmitiu-lhe o pedido de confissão. Lentamente, quatro enfermeiros ergueram a cama e levaram-na para junto do enfermo que o solicitara. Os dois moribundos tinham consciência de que podiam morrer a qualquer instante.
E chegado o momento da absolvição. O sacerdote lutava contra a própria natureza a fim de erguer a mão sobre o soldado arrependido e traçar o sinal da cruz, que consumaria o perdão. Apesar de todos os esforços, a mão permanecia imóvel, sendo impossível levantá-la sem a ajuda de alguém. Com um olhar, pediu auxílio à religiosa para levantar o braço e, dessa forma, terminar de cumprir o seu ministério. Pronunciou as decisivas palavras: “Ego te absolvo a peccatis tuis in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti”.
Ante a admirável grandeza desse ato divino, os enfermeiros caíram de joelhos e os feridos ergueram-se em seus leitos a fim de assistirem a tão magnífica cena.
Cumprida a missão, expirou não só o sacerdote, como também aquele a quem acabara de salvar. Obedecendo ao chamado do Mestre, ambos os soldados partiram, e, juntos, cruzaram os umbrais da eternidade.
gostaria que os srs.me esclarecessem o que realmente quer dizer e o que é o UMBRAL DA MORTE. A igreja catolica só fala em umbral ,mas não esplica o que é ,e como é este estagio.
grato