Fonte de riqueza para a Igreja
Ir. Michelle Sangy,EP
Em uma de suas atividades apostólicas, deparou-se pela primeira vez com um grupo de pessoas provindas do Japão, encantando-se , sobretudo, com a grande sabedoria desta gente. Nesta ocasião, São Francisco, como um bom filho de Santo Inácio, não tardou a usar sua esperteza para tentar, através destes japoneses, expandir, de alguma forma, o seu apostolado. Suplicou então a eles que fizessem chegar ao Rei um pedido de sua parte: uma autorização para evangelizar o Japão.
Ora, a realização de sua ideia não foi tão fácil quanto pensara. Após várias tentativas de um encontro com o monarca, que resultaram frustradas, cogitou o seguinte: conhecendo a apetência dos japoneses por tudo o que há de beleza, tentaria, de alguma maneira, apresentar-se diante do Rei, vestindo as suntuosas vestes daquela nação. Desta forma, poderia conseguir mais facilmente a estima do monarca, reluzindo aos seus olhos como alguém de valor.
De fato, assim foi feito! Em uma das cerimônias realizadas no palácio real, São Francisco conseguiu se apresentar diante do monarca, levando consigo mais vinte e nove portugueses, todos vestidos com trajes de gala.
Chegando ao palácio, São Francisco organizou uma entrada em cortejo com um quadro de Nossa Senhora, desejando que a Virgem Santíssima, com suas graças, começasse naquele instante a tocar as almas. Em poucos minutos, São Francisco estava diante do monarca pagão. Ele e seus companheiros o saudaram com grandes vênias e,em seguida, o apóstolo pronunciou um discurso, espargindo o bom odor de Nosso Senhor Jesus Cristo perante todos. Diante de tanta beleza, pompa e, sobretudo, vendo de perto a magnificência do espírito católico naqueles trinta ocidentais, o monarca comoveu-se e tornou realidade o sonho de São Francisco de evangelizar e converter o Japão.
Este fato, acontecido no Japão do séc. XVI, bem pode representar a atuação do cerimonial na História. Deus criou os homens com uma natureza que constantemente O busca na Criação. Tal como os japoneses conhecidos por São Francisco, frequentemente, o ser humano cria símbolos, ritos e cerimônias para transpor, de forma material, aquela sede do Divino posta em sua alma.
Assim, por disposição divina, a humanidade foi chamada a refletir o próprio Deus na esfera temporal, seja nos seus atos, seja em suas obras, em qualquer época da História, procurando sobretudo em Deus o seu modelo perfeito. De fato, a glória de Deus é o fim último de todas as coisas, e, compete sobretudo aos seres inteligentes, mediante o reto uso de seu livre-arbítrio, oferecer um louvor voluntário ao seu Criador.
Entretanto, ao longo dos séculos os homens voltaram-se para si, esqueceram-se de seu Criador e decaíram tanto a ponto de se tornarem os neopagãos do século XXI.
Mas Deus não abandona os seus filhos e, para trazê-los novamente a Si, suscita, na Igreja, instituições que, através da beleza, sobretudo presente nas cerimônias, despertam neles ― como já havia feito com os de outrora ― o senso do maravilhoso adormecido em suas almas, inclusive convidando muitos deles a servirem de forma especial como instrumentos para a implantação do Reino do Imaculado Coração de Maria, que não é senão o próprio Reino de Cristo, na Terra.
Por amor a Deus, sobretudo para a salvação das almas, devemos fazer tudo que está em nosso alcance.