Adorarás o Senhor teu Deus
Yolaynet Encarnación Cuevas
O Pe. Antonio Royo Marin, OP explica que a adoração é ” o ato externo da virtude da religião pelo qual se testemunha a honra e reverência merecida pela excelência infinita de Deus, e a completa submissão a Ele“.1 Este excelso nível de louvor também é conhecido como latria. Em seu sentido absoluto só pode ser oferecida a cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade. Relativamente esse culto também é dado à Eucaristia, às partículas autênticas do Lignum Crucis (Santo Lenho) e às outras relíquias da sagrada paixão, já que essas últimas têm impregnadas o preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.2
Ao adorar a Deus, o homem reconhece sua miséria e a grandeza do Dono de tudo o que existe. Referindo-se a esse nada das criaturas, pergunta Santo Agostinho: “Que merecimentos poderiam Vos apresentar o céu e a terra para que no princípio os tivésseis criado? […] Que me digam o que eles mereceram para receber de Vós esse ser“3 E depois conclui: “Nenhuma coisa diante de Vós poderia merecer o dom da criação, visto que não existia para merecê-lo“.4
Neste sentido, Tomás de Aquino enumera as razões pelas quais nunca devemos nos excluir da adoração que é devida a Deus.5 No entanto, essas também nos ajudam a entender porque o ser humano é dócil para reverenciar ao seu Senhor. Na vida comum, qualquer tipo de dignidade merece certo reconhecimento por parte da sociedade. Por esse motivo, se uma pessoa não concede ao presidente de um país o respeito que lhe é devido, é considerado um traidor. Desse modo, isso acontece com Deus, mas em um nível infinitamente maior, já que Ele é superior a todos. Assim diz o Salmo: “Deus é grande e digno de louvor” (Sl 95, 4).
Se todos os nossos bens materiais e espirituais nos vêm de Deus, conclui São Tomás de Aquino que seríamos muito ingratos se não reconhecêssemos o que d’Ele recebemos e não O adorarmos. Em relação a essa gratidão, Santo Agostinho expressa que todos nós devemos ao Sumo Bem sermos muito bons, já que é Ele quem nos quis chamar à existência.6
Por outro lado, a adoração tem um grande relacionamento com o primeiro mandamento. Esse preceito diz: “Adorarás o Senhor teu Deus e O servirás” (Dt 6, 13). Dessa maneira, Deus Pai exigiu de Moisés e do povo de Israel o que por justiça Lhe corresponde e indistintamente o exige de todas as gerações futuras. O Catecismo da Igreja Católica explica que todas as pessoas são criadas à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26), e que,por este motivo, têm a vocação de manifestar Deus pelo seu agir (cf. CCE 2085).
Em suma, devemos ser zelosos para que nosso coração e nossa reverência sejam totalmente para Aquele que merece que “se dobre todo joelho nos céus, na terra e nos abismos” (Fl 2, 10). Tomemos o excelso exemplo de Maria Santíssima que, através de suas palavras no Magnificat, nos leva a ter um verdadeiro espírito humilde e grato ante as grandes misericórdias de nosso Deus e não cessa de O adorar.
1 ROYO MARÍN, Antonio. Teología Moral para Seglares. 3. ed. Madrid: BAC, 1964, v. I, p. 284.
2 Ibid. p. 285.
3 SAN AGUSTÍN. Confissões. L. XIII, c. 2, a. 2. (Tradução da autora).4 SAN AGUSTÍN. Confissões. L. XIII, c. 2, a. 3. (Tradução da autora).
5 SANTO TOMÁS DE AQUINO. A luz da Fé. Lisboa: Verbo, 2002, p. 153.
6 SAN AGUSTÍN. Confissões. L. XIII, c. 2, a. 2.
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