A irmã enlevada da inocência
Ana Laura de Oliveira Bueno
1º ano de Ciências Religiosas
Imaginemo-nos diante do encontro mais espantoso da História: o Divino Salvador e Judas, o traidor dos traidores. “É a Verdade Eterna e subsistente, encarnada, que olha para um homem falso. Nosso Senhor o fita e lhe diz: ‘Judas, é com um ósculo que trais o Filho do Homem?’ e recebe com paciência aquele beijo imundo, acompanhado provavelmente de um mau odor asqueroso, verdadeiro cheiro do inferno”.1 A austeridade delicada e divina de Nosso Senhor transparece em seu olhar que penetra Judas até o mais profundo de sua alma.
É a dor de um Deus que se depara com o silêncio covarde ante a pungente pergunta feita a um pecador empedernido.
De fato, o que mais doeu em seu Sacratíssimo Coração não foi o pecado de traição, mas a rejeição do perdão oferecido, a negação da misericórdia infinita, que depois o levou ao delírio, até cometer o suicídio.
Assim sendo, busquemos sempre este perdão que Ele está ávido em nos conceder. Apesar da evidência das nossas próprias misérias, nunca nos desesperemos, confiando na mesma misericórdia que nos tirou do lodo do pecado.
Diante da fraqueza e debilidade, como afirma Mons João Clá Dias, o que mais agrada a Deus, é oferecer um coração contrito: “Meu Deus, eu errei, eu pequei, eu não deveria ter feito o que fiz, eu aqui, agora me entrego nessa humilhação”.2 Desse modo, o Reino de Maria será composto de almas contritas, será a vitória dos contritos junto aos inocentes. A contrição, irmã enlevada da inocência, olha para a inocência para pedir perdão.3 E, pela intercessão do Imaculado Coração de Maria desejoso de perdoar, Deus fará transbordar a sua misericórdia.
1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Obra-prima da piedade católica. In: Dr. Plinio. São Paulo: Ano V, n.46, jan. 2002, p. 35.
2 CLÁ DIAS, João Scognamiglio. Conferência. São Paulo, 19 abril 1994. (Arquivo IFTE).
3 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência. São Paulo, 05 jan. 1974. (Arquivo IFTE).