Os quatros animais simbólicos
Ir. Amanda de Fátima Fernandes Correia,EP
De acordo com os escritos do século XII, significavam ao mesmo tempo três realidades: os evangelistas, Nosso Senhor Jesus Cristo e as virtudes católicas.
Os Evangelistas
São Mateus tem por atributo o homem, pois começou seu Evangelho pela genealogia de Nosso Senhor segundo a carne. O touro, animal do sacrifício, designa São Lucas, que inicia seu Evangelho pelo sacrifício de Zacarias. O leão designa São Marcos, que já nas suas primeiras linhas fala da voz que clama no deserto. A águia é a figura de São João, porque desde o início, ele nos transporta ao seio da divindade, semelhante à aguia, animal que ousa contemplar o sol face a face.
Nosso Senhor Jesus Cristo
Os mesmos animais simbolizam Jesus Cristo. O homem lembra a Encarnação do Verbo, pela qual Jesus Cristo Se fez realmente carne. O touro faz pensar na Paixão, no sacrificio que o Redentor ofereceu pela humanidade pecadora. O leão, símbolo da Ressurreição ( no mundo antigo acreditava-se que o leão dormia de olhos abertos), figura de Nosso Senhor na sepultura: parecia estar adormecido na morte, mas sua Divindade velava. E a águia é a figura da Ascensão: Jesus se elevou ao Céu como a águia sobe até as nuvens.
Resumindo, Nosso Senhor foi homem nascendo, touro morrendo, leão ressuscitando e águia subindo ao Céu.
As virtudes católicas
Os quatro animais têm ainda outro significado: exprimem as virtudes necessárias para nossa salvação.
Deve-se ser homem, porque o homem é animal racional, e só quem caminha na via da razão merece o nome de homem. Deve-se ser touro, porque o touro é a vítima imolada nos sacrifícios, e o verdadeiro católico, renunciando a todas as volúpias deste mundo, imola-se a si mesmo. Deve-se ser leão, pois este é o animal corajoso por excelência, e do justo está escrito: “ O justo será firme e destemido como um leão”. Deve-se, por fim, ser águia, ´pois ela voa nas alturas e fita o sol sem baixar os olhos, exatamente como deve o católico contemplar as coisas sublimes
Dessa maneira, na idade média os homens eram constantemente lembrados dessas verdades e como que participavam de uma catequese quase que diária ao admirar e ler nas diversas esculturas e pinturas das catedrais góticas as verdades eternas.
Que pena que o homem moderno veja tudo isso e nem saiba mais o seu significado!