Quem é Deus?
Laura Compasso de Araujo
2º Ano Ciências religiosas
Essa é a pergunta que habita naturalmente no coração do ser humano. Fruto do senso do divino em sua alma, todo homem tem o desejo de saber quem é esse Ser Absoluto, quem é esse Governador Universal que rege todas as coisas. Tanto é assim que, em todos os lugares, em todas as épocas e povos, houve o desejo de entrar em contato com o sagrado e a manifestação de algum culto religioso. Embora todos se fizessem essa pergunta, muitos encontraram a resposta errada, caindo em idolatria. Enquanto uns adoravam deuses falsos, o próprio Deus declarava Quem Ele é ao povo eleito.
Aquele que É
Deus Respondeu a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU”. E ajuntou: “Eis como responderás aos israelitas: Aquele que se chama EU SOU envia-me junto de vós. (cf. Ex 3, 14)
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que devemos humildemente admirar essa resposta divina, sabendo que, ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, “Eu sou Aquele que é” ou “Eu sou Aquele que SOU” ou também “Eu sou Quem sou”, Deus declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Este nome divino é misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome revelado e como que a recusa de um nome. Desse modo, exprime-se a realidade de Deus como Ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos compreender ou dizer: ele é o “Deus escondido” (Is 45,15), seu nome é inefável, e ele é o Deus que se faz próximo dos homens.1
São Tomás de Aquino, um luzeiro no firmamento da Santa Igreja e na Teologia, afirma que, para sabermos Quem é Deus, precisa-se usar as vias da negação e da analogia; ou seja, comparação. Imaginemos, então, o universo como o conhecemos. Estrelas, planetas, galáxias e outros corpos celestes que talvez o ser humano nunca conheça. Diante dessa grandeza e dessa imensidade ficamos estupefatos e nos sentimos pequenos, minúsculos até. Mas o que é o universo perto de seu Criador? Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é Sua grandeza (51, 144,3). Deus é infinitamente maior que o universo, o qual perto dEle, não é senão uma mera criatura;“nas suas mãos estão as profundezas da Terra, e os cumes das montanhas lhe pertencem. Dele é o mar, ele o criou, assim como a terra firme, obra de suas mãos.” (Sl 94, 4-5)
A Infinidade de Deus
Alguns dos atributos de Deus possuem esse adjetivo: infinito. Então é a Bondade Infinita, a Beleza Infinita, a Perfeição Infinita. Em que consiste essa infinidade de Deus?
O mesmo São Tomás explica que, em algo material, a infinidade é uma imperfeição, já que a matéria é delimitada por uma forma e, se fosse uma forma infinita, seria quase uma matéria sem forma, uma imperfeição. No entanto, Deus não é matéria. E uma forma não restringida a uma matéria é mais perfeita, expressa mais sua amplitude, porque subsiste por si. Aquele que é sumamente formal, o Ser divino que não está contido em algo, é infinito e perfeito em razão disso.2
Ademais, o intelecto humano estende a intelecção ao infinito, e sinal disso é que, posta ao seu conhecimento alguma quantidade finita, ele pode pensar em outra maior. Ora, essa ordenação do intelecto para o infinito seria inútil, caso não existisse alguma coisa inteligível infinita, que deve ser a maior de todas.3 Sendo o homem criado por Deus e para Deus, um dos melhores exemplos da infinidade de Deus é a própria alma humana, que tende sempre ao infinito e ao absoluto.
A hierarquia como reflexo da infinidade e da imensidade de Deus
A partir destas considerações, é possível chegar à conclusão de que esses atributos de Deus explicam a existência de tantos seres diferentes no mundo. Qualquer pessoa com o uso da razão pode chegar à conclusão de que a igualdade absoluta não existe, em nenhum aspecto do universo, em nenhum campo da vida humana, entre nenhum animal ou vegetal, nem entre os anjos, nem mesmo entre as pedras. O Professor Plinio Correa de Oliveira, grande pensador católico do séc. XX, desenvolve a ideia de que para haver reflexo de Deus na criação, não seria possível esse reflexo se dar em uma criatura só, porque sendo Deus infinito, ela seria Deus. Então a necessidade de uma multiplicidade de criaturas, diferentes e ordenadas, para ser mais perfeita a expressão da infinidade e da imensidade de Deus. Todos os seres existem em cadeia, numa inter-relação constante, constituindo uma única e bela ordem na qual superiores e inferiores são necessários uns para os outros.4
A presença de Deus
Como se pôde observar, o conceito de infinidade pressupõe o de ubiquidade. Vimos que, sendo Deus infinito, não pode ser contido em nenhum lugar, pois assim estaria limitado. No entanto, se não podemos afirmar que Deus está em algum lugar específico, tampouco podemos afirmar que não está em nenhum lugar. Decorre daí a conclusão de que Ele está em todos os lugares e em todas as coisas: a ubiquidade de Deus. Assim afirma o salmista: “para onde irei, longe de vosso Espírito? Para onde fugir, apartado de vosso olhar? Se subir até os céus, ali estareis; se descer à região dos mortos, lá vos encontrarei também”. (Sl 138, 7-8)
Não pensemos que todas as coisas são “partículas” de Deus, mas sim que tudo, sendo criatura Sua, não pode fugir de Seu olhar e é sustentado na existência pelo Criador. Saber disso é de grande importância para o ser humano, que, vivendo com isto presente, pensaria duas vezes antes de praticar qualquer ato. Assim nos dá exemplo São Francisco de Sales, que vivia tão compenetrado da presença de Deus que, estando sozinho ou na companhia de outros, sempre tinha uma postura digna, modesta e solene. Costumava dizer que não sentia constrangimento algum diante de reis ou príncipes, pois estava habituado a encontrar-se na presença de um Rei muito maior, que lhe inspirava respeito.5
Ao nos darmos conta de tanta grandeza, talvez nos sintamos pequenos e retraídos diante de Deus Criador e Onipotente. Grande engano! Lembremo-nos que Ele se fez homem e quis habitar entre nós. Nosso Senhor Jesus Cristo está dia e noite à nossa espera no sacrário. O Deus infinito que está em todos os lugares, está ali não só como Sustentador e Criador, mas em Corpo, Sangue, Alma e Divindade! Não rejeitemos dom tão excelso! Que cresçamos na devoção a Nosso Senhor Sacramentado, e lhe agradeçamos por tanto amor que manifestou por nós.
1 Catecismo da Igreja Católica, ed. Loyola, 2011, p. 65, 206.
2 Summa Theologica 1, q.7, a. 1.
3 Suma contra os gentios, Livro 1, c. XLII, 8.
4 Revista Dr. Plinio, n° 117, dezembro de 2007. A hierarquia na criação, p. 11.
5 ITTA, IFAT. Deus… Quem é Ele?. Instituto Lumen Sapientiae, São Paulo, 2012, p. 50.
Deus é o Absoluto!
Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobre pecadores.
Oração ensinada pelo Anjo de Portugal aos videntes de Fátima.