As cores do Paraíso
Irmã Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP
Mas, quiçá, em todo o mundo natural, o que mais nos atraia seja o reino animal. E no vastíssimo leque de espécies existentes, podemos pensar na agilidade, elegância e beleza das aves.
O pequeno tico-tico se destaca pela vivacidade com que faz algazarra em bandos. O cisne desliza suave na placidez de um lago, como se dispensasse qualquer esforço para se locomover. O beija-flor, na delicadeza de suas asas e seu bico, voa veloz cortejando as flores. E as andorinhas buscam os telhados e a proximidade com o homem, como à espera de uma mão amiga que queira compartilhar com ela as migalhas de seu pão.
E como falávamos de cores, talvez sejam as aves a classe mais rica em colorido do reino animal. A variedade de tonalidades é enorme, deixando atônito um observador pouco versado em ornitologia. É o que podemos apreciar nas simpáticas saíras, que exercem um atrativo especial justamente pelas cores de sua plumagem. Apresentam uns azuis, uns vermelhos, uns verdes ou dourados que mais parecem pedras preciosas aladas, sublimando com a vida o reino mineral. Tanto que têm servido de modelos para incontáveis escultores que modelam em pedras semipreciosas, e até mesmo preciosas, lindas figuras destes pássaros.
Verdadeiras joias vivas, estes passarinhos, saídos das mãos do Divino Artífice, são maravilhas postas por Ele na natureza para que, em harmonia com a diversidade de outras cores presentes no mundo vegetal e mineral, possam deleitar o homem e fazê-lo ter saudades do Paraíso, com um desejo ainda maior de conhecer as grandiosas belezas celestiais.
Saibamos admirar os encantos deste mundo com os olhos postos na eternidade, pois, como diz poeticamente Santo Agostinho, “se são belas as coisas que fez, quão mais belo 1 é Aquele que as fez”. E tenhamos a certeza de que o que Deus tem reservado para os que se salvam é ainda mais belo, pois “os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (I Cor 2, 9).
1 SANTO AGOSTINHO. Enarratio in Psalmum CXLVIII, n.15. In: Obras. Madrid: BAC, 1967, v.XXII, p.894.
Revista Arautos do Evangelho – fev 2014