Santo Isaac Jogues, mais do que um mártir

Ir. Ana Bruna de Genaro Lopes – 3º ano de Ciências Religiosas

10 de janeiro de 1607 foi o dia escolhido por Deus para nascer um filho que haveria de sofrer por Ele não só um martírio, mas dois.

Isaac Jogues nasceu em Orleáns, França. No seminário jesuíta recebeu, juntamente com a teologia e filosofia, o ardor missionário e o desejo do martírio, ao ouvir os relatos do Pe. João de Brebeuf sobre as recentes missões no Canadá.

Logo após a ordenação, o Pe. Isaac foi designado para a missão na Nova-França —  Canadá — e para lá partiu em 1636. Em Quebéc, ele dividia seu tempo entre o estudo da língua, o cuidado dos enfermos, e a catequese de preparação para o batismo.

Por volta de 1642, os índios iroqueses, aliados aos holandeses, iniciaram uma guerra, atacando ferozmente a tribo dos hurões, que estava sob o domínio francês. Durante a luta, Pe. Jogues se ofereceu para atravessar o rio Hudson a fim de levar uma mensagem à cidade. No meio do caminho, foi capturado numa emboscada dos iroqueses e levado para um horrível cativeiro. Ao longo de treze meses, foi alvo dos piores horrores: serraram-lhe um dedo e arrancaram-lhe outro com os dentes; tiraram-lhe todas as unhas. Muitas vezes batiam em seu corpo com machados incandescentes e cortavam-lhe pedaços de carne, além de outros incontáveis suplícios. O santo passava a noite estirado no chão, com o corpo cheio de feridas e coberto de insetos.

Apesar de seu desejo de permanecer ali para converter o povo e sofrer, foi resgatado por um capitão holandês que o levou de volta a Quebéc. Para se recuperar desse martírio, voltou à França em 1643. Estava irreconhecível. Quando chegou diante de seu superior, o Padre Reitor, este lhe perguntou:

— Vós chegastes a conhecer na Nova-França o Pe. Jogues?

— De maneira muito íntima, meu reverendo pai — respondeu ele.

— Que bom! Poderia dar-me notícias suas? Ele ainda está neste mundo ou, como alguns afirmam, já foi queimado pelos índios?

— Não, meu pai, ele ainda vive, pois é bem este que está diante de vós e vos pede que o abençoe…

Embora o sobrevivente tivesse dois dedos mutilados, o Papa Urbano VII lhe concedeu celebrar a Santa Missa, afirmando: “Não é conveniente que o mártir de Cristo não possa beber o Sangue de Cristo”.

Todavia, no coração do Pe. Jogues, ardia o desejo de cumprir sua missão e repetia, unido a seus companheiros: “Sentio me vehementer impelii ad moriendum pro Christo”.

Poucos meses depois, voltou a Quebéc, tendo como objetivo apaziguar o relacionamento entre iroqueses e hurões a fim de continuar seu apostolado. Durante um período de paz transitória, foi enviado aos iroqueses. Exultava em seu interior: “Ter-me-ia por feliz se o Senhor quisesse completar meu sacrifício no mesmo lugar em que o começou!”

Aos olhos humanos, a missão neste hostil território foi o pior dos fracassos; porém, aos olhos d’Aquele que conhecia Isaac desde toda eternidade, era o tempo do cumprimento da missão. Após quatro semanas de incessantes torturas, no dia 18 de outubro de 1646, com um golpe de machado, o Pe. Isaac Jogues sofreu seu segundo e definitivo martírio e cumpriu seu último voto: unir-se inseparavelmente a Deus.

One response to “Santo Isaac Jogues, mais do que um mártir”

  1. C. Schreiner disse:

    Salve Maria!
    O homem que enfrenta a dor nas suas várias modalidades adquire uma formosura de alma como ninguém tem, não há formosura de alma, na alma de um homem que nunca sofreu, só o homem que sofreu é que tem beleza de alma;
    os dias de vida de um homem se contam pelos dias que ele sofreu e não pelos dias que ele viveu, porque só vive plenamente o homem que sofreu, Nosso. Senhor não teve um sofrimento, Ele foi o sofredor, Ele foi o Varão das dores, Ele sofreu todas as formas de dor que um homem pode sofrer e que portanto deve ter dado ocasião a alma Dele de manifestar belezas também para nós, insondáveis, a celeste belezas da Cruz.
    Pequeno comentário, sobre o sofrimento, Santo do dia.

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