Bondade Infinita

Ir Isabel Sousa, EP
3º Ano Ciências Religiosas

Deus contemplou toda sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). Poderíamos imaginar o júbilo de Deus ao contemplar as maravilhas por Ele criadas: o fulgurante céu estrelado, a elegante movimentação das ondas do mar, o colorido das aves e das flores, a força decidida das feras… “tudo era muito bom”. De fato, toda a obra da criação é boa justamente por ser um reflexo do Altíssimo e pela qual mais facilmente o homem pode transcender ao Criador.

Ensina-nos a Teologia, que Deus ao amar algo, infunde neste a bondade. Não é sem razão que um dos atributos de Deus é a Bondade Infinita que “compreende todas as bondades, sendo o bem de todos os bens”.1Inúmeras são as páginas das Sagradas Escrituras nas quais se revelam tão profundamente a Bondade de Deus,’ “O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo” (Sl 102, 8). Mesmo no Antigo Testamento, onde o Senhor todo-poderoso se revestia da armadura das vinganças e era temido como o Deus dos exércitos, a manifestação de Sua bondade estava presente: “Com quem é bondoso vos mostrais bondoso, com homem íntegro vos mostrais íntegro” (II Sm 22, 26).

Entretanto, foi no Novo Testamento que a Bondade se manifestou prodigiosamente aos homens com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo à terra. Qual coração, podendo escutar e presenciar as divinas palavras emanadas dos lábios divinos do Redentor não se comoveria com o apelo do Redentor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado”? (Jo 13, 34). Somente uma Bondade infinita amaria os homens, tanto os santos como os pecadores, a ponto de verter todo o sangue no madeiro da Cruz. “Que glória, que triunfo, que fastígio atingira Nosso Senhor Jesus Cristo com sua Paixão! Que humilhação nos infernos, esmagados pelo erro de ignorar a força invencível do Bem!”.2 Nosso Senhor Jesus Cristo venceu o império de satanás pela Bondade suprema! Bondade esta tão vergonhosamente rejeitada pelos Anjos decaídos.

Se pensássemos que a Bondade de Deus foi manifestada somente no Sacrifício do Calvário, enganamo-nos a nós mesmos. Quis Ele depositar em nossas mãos o auxílio onipotente d’Aquela que é considerada a Aurora e Esplendor da Igreja Triunfante, o maior reflexo da bondade de Deus aos homens: Maria Santíssima !

Quantas não foram as conversões realizadas na História através de sua intercessão! O famoso judeu convertido ao catolicismo, Ratisbonne, após a magnífica aparição da Virgem, proclamava e repetia inúmeras vezes com ardor: “Como Ela é o bondosa!”. Dando a entender que, com tal intensidade de benquerença manifestada por Maria Santíssima, até mesmo pedras brutas e enraizadas no pecado se comovem e abraçam o verdadeiro e reto caminho.

Conta-se que, no século passado, um membro de uma organização anticatólica converteu-se e, poucos instantes antes de sua morte, confessou-se. Como os demais membros desconfiassem que este tivesse revelado os segredos de tal organização, encarregaram outro adepto a fim de aniquilarem o sacerdote que o havia confessado.

O futuro assassino, fingindo que iria confessar-se, obrigou o sacerdote a contar-lhe os segredos que lhe haviam sido revelados. O digno sacerdote, porém, sendo fiel ao seu estado, disse-lhe que não lhe contaria nada e se fosse necessário matá-lo podia fazê-lo, mas apenas pedia uns minutos para invocar o auxílio de “nossa Mãe”. Ao escutar as palavras “nossa Mãe” o perverso assassino prorrompeu em pranto, pedindo a confissão para que pudesse realmente ser considerado filho de Mãe tão santa e boa.

Se mesmo os criminosos, afastados da Igreja, são objetos da Bondade da Virgem, que se dirá daqueles que se consagram a Ela? Caminhando neste vale de lágrimas”, contemplar a bondade de Deus nos dá verdadeiro alento e alegria. Portanto, não cessemos de admirar tamanho tesouro, mas saibamos apelar a essa Bondade Suprema em todas as dificuldades que nos são oferecidas, por meio d’ Aquela que é a Auxiliadora dos Cristãos e Consoladora dos Aflitos. Se soubermos nos apresentar a Ela como verdadeiros filhos, embora fracos, Ela nos conduzirá à visão bem-aventurada da Bondade Infinita. Ela é o caminho seguro, “pois é o caminho traçado pela mão mesma de Deus”.3

Recorramos a Ela e como seus filhinhos, lancemo-nos a seus pés e aos seus braços com uma perfeita confiança, em todos os momentos e em todos os acontecimentos invoquemos a esta Mãe tão santa e boa. Imploremos o seu amor materno, tenhamos um coração de filho e esforcemo-nos por imitar as suas virtudes.4

1 SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios. Livro I c. XL. le 2.
2 CLA DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos. Comentários aos Evangelhos dominicais. Ano C. Cittá del Vaticano! São Paulo: L.E. Vaticana/ Lumen Sapientiae, 2012, v. V, p. 263.
3 ROSCHINI, Gabriel. Instruções Marianas. Trad. José Vente São Paulo: Edições Paulinas, 1960. p.308.
4 SÃO FRANCISCO DE SALES. Filotéia ou Introdução à devota. Trad. de José de castro. 8°ed. São Paulo: Vozes, 1958. p. 116.

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