Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito

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No Concílio Vaticano I, a Igreja declarou como dogma de fé que Deus pode ser conhecido pela luz natural da razão humana, através das coisas criadas (cf. DH 3026). É neste sentido que Tomás de Aquino apresenta cinco vias com que se pode chegar ao conhecimento de Deus. Na quarta via, o Doutor Angélico recomenda analisar os graus de perfeição.1 Na criação observam-se os minerais, plantas e animais,com as belezas e perfeições próprias a cada grau. Assim, contemplar uma construção gótica, um nascer do sol ou escutar o suave cântico dos pássaros ajudam a elevar a mente ao Criador.

Da mesma forma, explica Plinio Corrêa de Oliveira, baseando-se em São Tomás, que há nobres e plebeus, grandes e pequenos, ricos e pobres, mais inteligentes e menos para o benefício não só dos superiores, mas também dos inferiores já que o menor ao receber auxílio do maior, vê neste uma imagem de Deus Altíssimo, e a dedicação do menor tem algo de devotamento ao próprio Deus. Deste modo, foi dado a cada criatura humana o dom de refletir algumas das infinitas perfeições divinas.2

Por conseguinte, São Tomás de Aquino assevera que toda a bondade e perfeição, parcialmente distribuídas nas criaturas, está em Deus unificado de modo pleno e universal.3 Igualmente, São Paulo pregou aos Hebreus: “Enquanto a lei elevava ao sacerdócio homens sujeitos às fraquezas; o juramento, que sucedeu à lei, constitui o Filho, que é eternamente perfeito. “(Hb 7, 28).

O Aquinate usa os termos ato e potência para provar que Deus é a Perfeição absoluta.4 Ele explica que algo é perfeito enquanto está em ato. O homem encontra-se em ato em certos aspectos e em outros em potência. Por exemplo, um jovem pode ser aluno em ato e professor em potência, pois está estudando sobre alguma ciência que logo poderá ensinar. Sem embargo, Deus é diferente, porque ele não pode crescer em conhecimento, pois sabe tudo; não pode se tornar mais forte, uma vez que já é perfeitíssimo. Portanto, Deus é ato puro, é a Perfeição infinita. Com efeito, em uma das aparições à Santa Maria Faustina Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou: “Eu sou santo, três vezes santo e sinto aversão ao menor pecado”.5

Para propagar os ensinamentos do divino Mestre ao mundo contemporâneo, Paulo VI declara que todos nós somos chamados à santidade (cf. LG 40). Plínio Correa de Oliveira explica que a perfeição moral é a santidade. E esta é a prática em grau heroico das três virtudes teologais — Fé, Esperança e Caridade —, das quatro cardeais e bem como os mandamentos, que são as virtudes aplicadas a cada circunstância concreta.6

Ao unir essas ideias, podemos chegar à conclusão de que Nosso Senhor quer que O imitemos, fazendo-nos um convite: ” sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt 5, 48). Portanto, busquemos sempre realizar todas as nossas ações, seja para o nosso bem ou para o dos outros, com a maior perfeição e façamos o firme propósito de nunca ofendê-Lo e, com a ajuda da graça, cumprir a vontade divina.

1TOMÁS DE AQUINO, São. Suma Teológica I, q.2 a. 3, ad 2.
2 CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Um reflexo da perfeição divina. Dr. Plinio, São Paulo, ano 12, n. 98, mai 2006, p. 23,.
3TOMÁS DE AQUINO, São. Suma Contra os Gentios I, c. 28.
4TOMÁS DE AQUINO, São. Op. cit., I, q. 4, a. 1.
5MARIA FAUSTINA, Santa. Diario de Santa María Faustina Kowaiska. Stockbrigde: Manan Press, 2010, p. 607.
6 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A perfeição no homem, nas nações. Dr. Plinio, São Paulo, ano 7, n. 73, abr. 2004, p. 13.

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