Obrigação de dar bom exemplo

Ir. Patricia Victoria Jorge Villegas, EP

Nada é tão eficaz na observância do mandamento divino de amar o próximo por amor a Deus, quanto um comportamento edificante e o exemplo de uma vida íntegra, com vistas à salvação eterna de nossos irmãos.

Quem assim age faz o papel de um eloquente arauto da verdade. Recordemos, a propósito, o fato ocorrido com o grande São Francisco de Assis, cuja preocupação primordial era instruir os homens pelo exemplo, mais que pelas palavras.

Certo dia, convidou ele um monge a acompanhá-lo em uma pregação. Após dar algumas voltas pelas ruas, retornavam ambos ao mosteiro sem ter pronunciado palavra. Surpreso, o companheiro perguntou-lhe: “Mas, e a pregação?”. Respondeu-lhe o Santo que o simples fato de dois religiosos se apresentarem com modéstia diante da população constituía já um sermão.1 São Francisco, com efeito, não se cansava de ensinar a seus primeiros seguidores: “Todos os irmãos devem pregar com as suas obras!”.2

Ao longo da História, muitos Santos deram às almas, pela simples presença, a esmola do bom exemplo. “Vi Deus num homem!”, exclamou um advogado de Lyon, referindo-se a São João Maria Vianney, ao ser interrogado sobre o que havia conhecido em Ars.3 Segundo narram as crônicas, um irmão leigo da Companhia de Jesus, saindo todos os dias para fazer compras, ganhou mais almas para Deus com suas conversações e bons exemplos do que muitos missionários com suas pregações.4 Convidado certo dia pelo Arcebispo de Évora a fazer uma pregação na catedral, São Francisco de Borja tentou esquivar-se, alegando cansaço e enfermidade, mas recebeu esta resposta: “Não quero que faça sermão, mas que suba ao púlpito e todos possam ver um homem que, por amor a Deus, abandonou tudo quanto tinha”.5

1 Cf. SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. La dignidad y santidad sacerdotal. La Selva. Sevilla: Apostolado Mariano, 2000, p.306.

2 JOERGENSEN, Johannes. São Francisco de Assis. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1932, p.355.

3 Cf. JOÃO PAULO I. Discurso ao clero romano, 7/9/1978.

4 Cf. MUÑANA, SJ, Ramón de. Verdad y vida. 2.ed. Bilbao: El mensajero del Corazón de Jesús, 1948, t.II, p.577.

5 Idem, p.576-577.

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho – dez 2015  A importância do exemplo

One response to “Obrigação de dar bom exemplo”

  1. C. Schreiner disse:

    Salve Maria!
    No Brasil, tem um ditado popular: As palavras comovem, mas os exemplos arrastam.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *