A imensidade e a ubiquidade de Deus

Ir. Maria Camila Echavarría Molina,EP
3º Ano de Ciências Religiosas

O coração dos filhos procuram estar próximo do Pai e tê-lo junto de si a todo momento e o Pai, com inefáveis palavras, responde a seu apelo. “Invocar-me-eis e vireis suplicar-me, e eu vos atenderei. Procurar-me-eis e me havereis de encontrar, porque de todo coração me fostes buscar. Permitirei que me encontreis” (Jm 29, 12- 14)

Pode, por acaso, Deus estar junto a cada um de seus filhos sem deixar de dar mais atenção a um por estar com outro? E ainda, pode Deus, sem deixar seu trono, estar presente em todas as partes?

A essas perguntas responde a Sagrada Escritura: “Tu me envolves por todo lado e sobre mim colocas a tua mão. Onde eu poderia ocultar-me do teu Espírito? Para onde poderia fugir de tua presença? Se subir até os Céus, Tu lá estás; se descer ao mundo dos mortos, ali Te encontras” (Sl 138, 5; 7- 8). É a imensidade de Deus, não há lugar onde Ele não possa estar. Está presente no nascer do sol a nos elevar e a desejar contemplar eternamente o verdadeiro Sol que jamais tem ocaso. Está presente nos minerais, nas montanhas e no mar para mostrar-nos que Ele tudo abarca.

Ao contemplarmos as maravilhas existentes no universo nas diferentes hierarquias postas por Deus – a vida vegetativa que se desenvolve e cumpre orgânica e perfeitamente todo seu funcionamento como por exemplo o crescimento das árvores distintas dando diversos frutos em cores e em sabores ou um céu resplandecente de estrelas no profundo e sereno silêncio da noite – somos convidados a refletir nas palavras do salmo: “[Senhor] que é o homem para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?” (Sl 8, 5).

Deus está, sobretudo, presente na alma dos homens: “Deus está no Templo santo e no Céu tem o seu trono, volta os olhos para o mundo. Seu olhar penetra os homens.” (Sl 10, 4) Ele é onipresente e está em nós mais do que nós mesmos, já que “em Deus vivemos, nos movemos e existimos” (At 17, 28).

Ensina-nos o grande Doutor Angélico que a onipresença de Deus deve ser entendida da seguinte maneira: 1° pelo conhecimento (per praesentiani), todas as coisas ainda as mais recônditas estão sempre presentes a seu olhar: “tudo está aberto a seus olhos, nada lhe é escondido e nenhuma criatura lhe é invisível, tudo é posto a nu a seus olhos” (Hb 4, 13) 7; 2° pelo poder (per potentiam), fazendo chegar seu influxo a todos os seres criados que em todo momento estão pendentes de sua ação conservadora. Se Ele retirasse essa virtude que sustenta sua criação tudo retornaria ao nada; 3º pela substância (per essentiam), Deus em sua mesma substância está presente em todas e em cada uma das criaturas. 1

Deus está sempre presente em todo o universo, mas não como alguém que tendo dentro de si um órgão para a respiração, usa deste naturalmente sem prestar atenção em sua existência, e que só se lembra dele quando sai de seu funcionamento normal e passa a causar-lhe problemas. Não, Deus está presente em cada uma das coisas, inclusive nas mais insignificantes aos nossos olhos, protegendo-a, sustentando-a e amparando-a segundo seus divinos desígnios.

Para compreendermos mais facilmente este tão excelso atributo de Deus, vejamo-lo na vida de Santa Paulina.

A devoção dela ao Santíssimo Sacramento era algo de chamar a atenção. Ficava na capela imóvel como se fosse uma estátua. Durante o recreio, por causa das conversas vivas das noviças no pátio, contíguo à capela, perguntaram-lhe certa vez: “Madre, as noviças não estão atrapalhando a senhora com esse barulho todo?” Ela retrucou: “Quando eu estou diante de Deus, nada me atrapalha”. Afirmava ela sentir a presença de Deus constantemente, e que isso lhe parecia impossível perder. Aceitando o sofrimento junto aos doentes e procurando ver sempre qual era a vontade divina, ela adquiriu esse convívio com Deus. 2

Por fim, assevera Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias:

Ainda que comamos ou bebamos, tratemos e negociemos com os homens e pareça que nos preocupamos e entretemos nisso, havemos de procurar que não seja esse nosso manjar e entretenimento, senão outro invisível; que é estar sempre olhando e amando a Deus e fazendo sua Santíssima Vontade.

Eu vou analisar um pouco minha vida e verei que nos momentos em que eu pequei, julguei que estava a sós. Verei que, muitas vezes, o demônio me levou a pecar e a ofender a Deus porque eu não estava na presença de Deus, eu tinha me esquecido da presença de Deus.

Por isso, devemos pedir a graça a Nosso Senhor Jesus Cristo de que Ele me faça sentir a presença d’Ele, que Ele me faça sentir que, de fato, eu estou dentro de Deus, e que Deus me vê e vê tudo em mim, minhas intenções minhas aspirações. Tudo! 3

1 Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. I, q.8, a. 2.
2 Cf .Revista Arautos do Evangelho. So Paulo: Ano Xl, n 07, jul. 2002, p. 16.
3 CLA DIAS, João Scognamilglio. Viver sempre na presença de Deus. São Paulo, 14 maio. 1992. Meditação. (Arquivo IFTE).

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