Um altíssimo chamado… para todos!

Bruna Almeida Piva

No calendário litúrgico, o mês de novembro se inicia com a Solenidade de Todos os Santos, instituída no século IX, a fim de louvar e festejar a multidão dos justos: “aqueles que habitam a Jerusalém Celestial, canonizados ou não, bem como os vivos que se encontram na graça de Deus e conservam sua amizade”.1

Porém, para que servem aos santos nossos elogios? Que lhes importam as honras terrenas, enquanto o próprio Deus os glorifica? 2 De fato, nossos louvores não são necessários a eles, mas o são a nós mesmos, pois intercedem por nós ao Pai, e sua lembrança nos estimula e incita a “gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos profetas, ao senado dos apóstolos, ao numeroso exército dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os santos e com todos nos alegrarmos”.3 É, portanto, uma festa que nos convida à santidade.

Em nossa busca pela felicidade e realização, não podemos ter ambição mais bela e mais nobre do que a de ser santos. E muito enganado estaria quem pensasse ser esse chamado feito somente a uma minoria de almas seletas, que um dia são elevadas à glória dos altares. Com o auxilio da Graça, todos somos feitos para essa imensa, criteriosa, sábia, mas ousada aventura, na qual ordenamos nossa alma para Deus, a purificamos e embelezamos, dispondo-a à bem-aventurança eterna, à corte celestial onde um assento nos está reservado.4

Diante de tão alto chamado, quais são as nossas disposições de alma? Estamos dispostos a abandonar o pecado e abraçar as vias da virtude rumo à santidade? Ou será que, diante da assembleia dos justos que nos deseja e aguarda, somos indiferentes e nos esquivamos? Se temos boas disposições, agradeçamos a Deus que no-las concedeu e peçamos perseverança em nossos bons propósitos; se nos sentimos fracos e débeis ante tão grande batalha, roguemos aos santos do Céu que nos concedam sua força e coragem, proteção e auxílio.

Entretanto, seja qual for nossa disposição ou vocação, o caminho é o mesmo: o amor. “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”, recomendava insistentemente Nosso Senhor Jesus Cristo em suas pregações. E também São João da Cruz ensinava: “No entardecer desta vida, sereis julgados segundo o amor”.5 O amor nos faz grandes aos olhos de Deus, e somente por amor somos capazes de abandonar nossos vícios e realizar os sacrifícios, grandes ou pequenos, que a santidade exige.

Que, nesta Festa de todos os Santos, a Santíssima Virgem e todos os bem-aventurados nos alcancem de Deus o amor mais puro e ardente que a natureza humana possa ter em relação a Ele, e, consequentemente, a santidade plena, pois “é na esperança de podermos viver, de batalhar pela nossa santificação e de morrer na paz de Deus, confiantes em Nossa Senhora, agradecendo a Ela porque nos obteve graças para nos tornarmos outros heróis na Fé e príncipes do Céu, que devemos atravessar nossos dias nesta terra de exílio”.6

1 EDITORIAL. Todos são chamados à santidade. Dr. Plinio. São Paulo, ano 7, n. 80, nov. 2004, p. 4.
2 Cf. Bernardo, Santo. Dos Sermões. In: LITURGIA das Horas: Segundo o rito romano. Tradução para o Brasil da segunda edição típica. São Paulo: Ave-Maria, 2000, v. 4, p. 1421.
3 Loc. cit.
4 Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Santidade, o ideal de todo homem. Dr. Plinio, São Paulo, ano 6, n. 44, nov. 2001, p. 8-10.
5 JOÃO DA CRUZ, Santo apud CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Op. cit., p. 10.
6 Loc. cit.

One response to “Um altíssimo chamado… para todos!”

  1. Carlos Rogério disse:

    Todos foram chamado a santidade, os Santos são tão diferentes, assim temos Santa Terezinha da pequena via, Santo Inácio da grande via e dentro dos vários chamados, ouvi de um padre no sermão desse domingo, descrevia um Santo monge, que fazia no convento? consertar roupas, ele estava morrendo e pedia para os que estavam em seu redor a chave do céu, trouxeram vários objetos, especialmente a chave do convento, mas sempre dizia esse não, esse não, até que um mais intuitivo trouxe o instrumento de sua santificação, ele radiante, fez um sinal da cruz com a aguda e entregou a sua alma a Deus.

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