À luz do Cruzeiro do Sul

Ir. Juliane Campos, EP

Uma natureza dadivosa, panoramas grandiosos e as dimensões continentais do território fascinaram nossos avoengos portugueses que, aos quatro dias de haverem chegado a esta terra desconhecida, promoveram nela a celebração de uma Santa Eucaristia e a batizaram com o nome de Ilha de Vera Cruz, pouco depois mudado para Terra de Santa Cruz. Que desígnios terá a Providência para esta nação, em cujo firmamento faz brilhar este signo máximo de nossa fé, o Cruzeiro do Sul?

O feitio de alma do brasileiro tem uma especial suavidade que impregna todos os atos de sua vida com um perfume de hospitalidade e afeto, e deixa a todos inteiramente à vontade até nos atos mais solenes. Não é raro ouvirmos de estrangeiros (e isto nos enche de ufania) que “não há país como o Brasil”.

Povo inteligente e intuitivo, fruto da pluralidade de raças que aqui vivem em fraternal harmonia, escolheu para cartão postal deste país a imagem do próprio Cristo Redentor, que do Corcovado abraça a nação inteira como se dissesse: este país não será grande somente pela amplitude de suas fronteiras, mas sobretudo pela sua Fé!

Entre os inúmeros comentários clarividentes de pessoas célebres a respeito de nosso país (são citados entre outros os de Stefan Zweig e Georges Clemenceau) escolhemos o de um sacerdote. Em 1941 o Brasil recebeu a visita do mundialmente famoso Padre Pierre Charles, SJ, que, no Teatro Municipal de São Paulo, fez uma série de conferências sobre temas sociais. Figura de acentuado relevo intelectual, esse jesuíta belga era professor na Universidade de Louvain, Bélgica, catedrático na Universidade Gregoriana, de Roma, e na Fordham, nos EUA, e desempenhou destacadas missões na África e na Índia.

Compreendendo o caráter profundamente cristão do feitio de alma brasileiro, esse eminente sacerdote afirmou para o “Diário de São Paulo” (16/2/1941), ao lhe perguntarem seu pensamento a respeito do Brasil:

Considero este país o mais naturalmente cristão do mundo. Talvez fosse difícil mostrar as razões concretas dessa verdade que faço questão de pôr em relevo. Sentimos na bondade do brasileiro qualquer coisa de imponderável que nos fala diretamente à nossa alma angustiada de europeus. Essa bondade, ou melhor, esse sentido cristão específico do temperamento brasileiro, é um fato básico para a compreensão das esplêndidas energias espirituais deste povo privilegiado que tem o seu luminoso destino traçado no próprio céu pela imagem do Cruzeiro, marcando o itinerário de uma grande nação cristã.

“Aproxima-se o tempo, que talvez já tenha chegado, em que será impossível compreender a Igreja e o Catolicismo sem o papel que o Brasil representará no cenário do mundo.”

Revista Arautos do Evangelho n.5. ago 2002

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